Infectologista explica motivos para mortes mesmo após a segunda dose da vacina contra Covid-19.
A vacinação contra a Covid-19 tem ajudado bastante na queda dos números de internações e mortes em todo mundo. No Brasil, os óbitos diminuíram consideravelmente, quando chegou a passar dos quatro mil registros diários para pouco mais de 800 em um intervalo de 120 dias.
Mesmo com a vacinação, algumas pessoas, principalmente idosas, acabaram falecendo mesmo tendo recebido as duas doses da vacina, o que levou a incertezas quanto a eficácia dos imunizantes. Em contato com o Info Serrinha, a médica infectologista Dra. Giovanna Orrico explicou os motivos que levaram a esses casos. "A vacina em indivíduos idosos tem uma resposta menor. Não só a do Covid, todas elas. Isto porque neste grupo ocorre o ""envelhecimento do sistema imunológico"" que diminui a eficácia do imunizante, além disso, nenhuma vacina tem proteção 100%".
Segundo Dra. Giovanna Orrico, outros fatores contribuem para esses casos, mas reforçou que a vacina tem sido extremamente importante para conter o avanço do vírus. "Fatores individuais como doenças crônicas e o aparecimento de novas cepas do vírus podem também interferir na resposta da vacina. Mesmo com esses fatores, a chance de internação e óbito caiu expressivamente com a imunização, o que por si só já é uma grande aquisição, e esse é o maior objetivo da imunização".
Na semana passada foram registrados na Bahia os primeiros casos da variante Delta, que é uma mutação do coronavírus. Dos quatro infectados, dois aconteceram em pessoas que não tomaram a vacina e não faziam o uso constante de máscaras, sendo esse um dos grandes riscos para o controle da pandemia. "Temos visto que em países em que há uma grande quantidade de pessoas não vacinadas, o número de internações tem aumentado bastante, assim como óbitos. Isto está sendo conhecido como pandemia dos não vacinados, e é uma ameaça ao fim da pandemia pois o vírus continua circulando e gerando mutações".
Estudos feitos por pesquisadores do Centro de Excelência em Virologia da Universidade de Chulalongkorn, na Tailândia, mostraram que a junção das vacinas Coronavac e Astrazeneca são benéficas. De acordo com a pesquisa, os imunizantes juntos podem aumentar em até quatro vezes a produção de anticorpos neutralizantes.
A médica infectologista aprovou a união dos imunizantes, mas como ainda está em fase de estudos não dá para saber a sua eficácia. "Temos visto que imunizantes de plataformas diferentes, ou seja, com tecnologias distintas têm mostrado maior eficácia na produção de anticorpos. Baseando-se nisso é que o Ministério da Saúde solicitou a terceira dose com a vacina da Pfizer, Astrazeneca e Janssen para que sejam aplicadas vacinas diferentes. Ainda não sabemos o nível de proteção necessário para proteção duradoura".
Até a última terça, 31, foram registrados no Brasil 580.525 óbitos, sendo 882 nas últimas 24 horas, uma redução de 17% em comparação à média de 14 dias.
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